Projeto Portinari Para Todos -Expedição Patrocinada pela Queiroz Galvão Exploração e Produção

Diário de viagem da professora Suely Avellar

1º de maio de 2011 - domingo

Olá amigos que acompanharam o meu diário de bordo do NASH Dr. Montenegro, da Marinha do Brasil, em novembro de 2009, pelo rio Purus, visitando as populações ribeirinhas, com a exposição O Brasil de Portinari! Estou de volta em 2011 com uma nova expedição. Agora em um caminhão, pelas cidades de Ilhéus, Canavieiras, Una e Belmonte, no litoral da Bahia, na chamada Costa do Cacau. Esta nova expedição está sendo patrocinada pela empresa Queiroz Galvão Exploração e Produção e visa levar para essas 4 cidades a obra de Candido Portinari ligada à educação ambiental, através da exposição  Portinari, Arte e Meio Ambiente, complementada por oficinas de arte, palestras, contação de histórias, jogos e brincadeiras.

Iniciaremos a expedição em Ilhéus, no dia 6 de maio, na calçada junto à catedral de São Sebastião, no centro Histórico de Ilhéus.

Catedral de São Sebastião

Eu e minhas duas companheiras nesta expedição – a professora Solange Seabra e a auxiliar de campo Néia Santos – chegamos ontem, 30 de abril, para esperar o caminhão com todo o material da exposição e das oficinas, que chegará no dia 3, para iniciarmos a montagem.

O término da exposição está previsto para o dia 21 de maio. No dia seguinte seguiremos para a cidade de Canavieiras.

Benção "seu" Jorge!
Benção Gabriela!
Benção "seu" Nacib!

Nós três com Jorge Amado

Como hoje é domingo, 1º. de maio, saímos pela cidade para o reconhecimento local.
Nossa primeira parada foi no bar Vesúvio, do "seu" Nacib. Na entrada encontramos Jorge Amado, sentadinho na primeira mesa do bar, esperando os turistas. Lembrando do "Samba da benção" de Vinicius e Baden que diz nos versos finais:

... Põe um pouco de amor numa cadência
E vai ver que ninguém no mundo vence
A beleza que tem um samba não

Porque o samba nasceu lá na Bahia
E se hoje ele é branco na poesia
Ele é negro demais no coração

"Seu" Nacib, na parede, controla o movimento do Vesúvio

Gabriela no painel de azulejos do Vesúvio

O Vesúvio cheio de turistas.

E, num giro pela cidade, fomos nos deparando com os antigos casarões da época do ciclo do cacau, como este, que certamente na época não tinha cor tão berrante!

E fomos seguindo em frente até chegarmos à Praça Rui Barbosa, onde encontramos o palacete do Coronel Misael Tavares.

Construído em 1914 pelo Coronel Misael Tavares, um dos homens mais ricos da região, o palacete foi inaugurado em 1922, com um grande banquete com a presença de importantes personalidades da gloriosa época dos coronéis do cacau. O prédio, exemplar marcante da época da riqueza cacaueira, abriga hoje a loja Maçônica.

Mais adiante, na Praça Rui Barbosa, encontramos a casa de Tonico Bastos, que seduz Gabriela, causando imensa dor a "seu" Nacib, no livro de Jorge Amado, Gabriela, Cravo e Canela.

Bem próximo dos dois casarões está a Igreja Museu São Jorge dos Ilhéus, um dos padroeiros da cidade.

A primeira construção da igreja data de 1556. Em 1723 foi retirada do alto do morro de São Sebastião e trazida para este local, na rua Antonio Lavigne de Lemos. A igreja abriga o Museu de Arte Sacra, que possui uma rara imagem de São Jorge, sem o cavalo, exemplar único na América Latina.

Mais uma vez, brincando de viajar pelo tempo, pinto de sépia esta foto que fiz hoje de manhã, da Praça Rui Barbosa, em que aparecem o palacete do Cel Misael e a fachada lateral da Igreja.

A primeira escola municipal de Ilhéus abriga hoje a Biblioteca Municipal Adonias Filho e o Arquivo João Mangabeira. Ela data de 1915 e foi construída em um terreno doado pelo Coronel Misael Tavares. O prédio está dividido em duas partes: à direita para os alunos do sexo masculino e à esquerda para as do sexo feminino, conforme está escrito na fachada do prédio. A escola aceitava alunos de ambos os sexos, desde que estudassem em salas separadas...

O coronel João Amado, pai de Jorge Amado, iniciou a construção deste casarão em 1920, inaugurando-o em 1926. A família residiu neste prédio até 1937, quando se mudou para o Rio de Janeiro. Nesta casa, em 1931, aos 19 anos, Jorge Amado escreveu seu primeiro romance: O País do Carnaval.

Amigos, já lhes dei um gostinho do que será esta nova expedição. Agora vou ficando por aqui. Amanhã tem mais!